De volta aos Jogos Olímpicos, rugby e golfe contam com fãs apaixonados no Brasil
Rugby e golfe são esportes com características bem diferentes. Enquanto um exige dos atletas força e rapidez, o outro pede precisão e concentração. Entretanto, há uma semelhança entre eles: estão de volta ao calendário Olímpico após mais de 80 anos. Embora distantes da popularidade do futebol, as duas modalidades crescem no Brasil e geram ansiedade dos fãs nos Jogos Rio 2016.
O golfista irlandês Rory Mcllroy e o norte-americano Jordan Spieth são alguns dos nomes que Jair Medeiros espera acompanhar de perto em agosto. O ex-garçom de um restaurante falido do Centro do Rio se tornou caddy em 1989. "Ser caddy não é só carregar a bolsa com os tacos", afirma ele sobre seu ofício, cujas atribuições vão desde esclarecer dúvidas do atleta em relação ao jogo até conferir o campo na antevéspera da partida. Além de caddy, Jair é instrutor no Japeri Golfe Clube, associação que ensina o esporte a 80 crianças na Baixada Fluminense. "Eu fiz parte de um grupo de 15 caddies que trabalho
u voluntariamente na obra do nosso campo por cinco anos", conta ele.
Em 1º plano, Bárbara Santiago defende as cores do Niterói Rugby(foto: Reprodução/Facebook)
A paulistana Bárbara Santiago se encantou pelo rugby há 12 anos, quando cursava faculdade em sua terra natal. Desde então, a atleta amadora nunca mais parou. Atuou pela seleção brasileira por 15 anos e levou o esporte em conta na hora de escolher uma nova cidade para morar em 2009. "A opção por Niterói permitiu que eu entrasse para a equipe do Niterói Rugby", afirma ela, que está no time até hoje. O dilema da esportista mostra que a prática da modalidade é mais comum no país do que se imagina. "Hoje, o rugby está presente em quase todos os estados brasileiros", diz Bárbara. Só no Rio, há mais de 10 clubes filiados à federação estadual.
Disciplina é a lei
Atleta posiciona bola durante evento-teste de golfe (foto: Rio 2016/Alex Ferro)
Seja no golfe ou no rugby, a disciplina é uma regra de ouro para quem quer trilhar o caminho do sucesso. "Um jogador de golfe de alto nível precisa ter muita concentração e muito tempo", afirma Jair. Segundo ele, um atleta desse tipo precisa treinar durante quatro horas diárias, ao menos cinco vezes por semana. Para se ter uma ideia, isso representa cerca de 500 tacadas por dia. No rugby, a rotina de uma jogadora amadora não é menos exaustiva. Bárbara tem dois treinos de duas horas por semana e joga todos os sábados, além de frequentar academia para manter o condicionamento físico.
"Um jogador de golfe de alto nível precisa ter muita concentração e muito tempo"
A canseira é grande, mas será ainda maior durante o Rio 2016. "Em lugares próximos do mar, como oCampo Olímpico de Golfe, o vento chega a gerar perdas de 30 jardas nas tacadas. Por isso, é preciso que elas sejam mais fortes que a média", afirma Jair. No rugby, uma das principais diferenças entre a versão de 15 pessoas, disputada na Copa do Mundo da modalidade, e a de 7, que será disputada nos Jogos, é justamente a maior velocidade da ação. "No sevens (rugby de 7), é preciso atacar e defender ao mesmo tempo. Quando a bola está em movimento, todos fazem de tudo", conta Bárbara. O prêmio por tanto empenho são medalhas Olímpicas inéditas há 112 anos, no caso do golfe, e há 92, no rugby.
Passado e presente Olímpicos
Campo Olímpico de Golfe, na Barra (J.P. Engelbrecht/ PCRJ)
O golfe fez parte da programação Olímpica em Paris 1900 e Saint Louis 1904. Nele, vence quem acerta todos os buracos do campo com o menor número de tacadas. No caso do Rio 2016, essa disputa se dá em torneios individuais masculino e feminino com duração de quatro dias. O Campo Olímpico de Golfe tem 18 buracos.
Bárbara Santiago jogando pela seleção brasileira (Reprodução/Facebook)
O rugby teve sua versão de 15 pessoas disputada em Paris 1900, Londres 1908 , Antuérpia 1920 e Paris 1924. Com dois tempos de sete minutos, as partidas acontecerão no Estádio de Deodoro. Ganha o time que fizer mais pontos, apoiando a bola no solo após a linha do gol ou chutando a bola por cima do travessão do adversário, a 3,4 metros de altura do chão.