Rogério Micale quer Brasil jogando bonito, para a frente e com Neymar decisivo nos Jogos Rio 2016
Para Micale, equilibrar a parte física dos atletas será um dos desafios da comissão técnica no torneio Olímpico
O técnico Rogério Micale garante não ter medo de aproveitar as características ofensivas do futebolbrasileiro para levar a seleção brasileira masculina à inédita medalha de ouro Olímpica nos Jogos Rio 2016. Planeja montar um time eficiente, capaz de apresentar um jogo alegre e bonito, como a torcida gosta - e conta com a experiência adquirida por Neymar em Londres 2012. Será a chance de resgatar um pouco do prestígio de uma instituição abalada por resultados muito abaixo do esperado em recentes competições continentais, como a Copa do Mundo.
Já era possível detectar indícios de um time Olímpico com DNA ofensivo na convocação dos 18 atletas que compõem o grupo no Rio 2016. “Acreditamos que, pela qualidade que temos nesse setor e pela característica dos jogadores, conseguiremos colocar em prática o jogo alegre que agrada a todos os brasileiros”, afirma Micale. Mas o treinador garante que a parte tática não ficará em segundo plano.
Espero que a gente consiga unir qualidade individual e eficiência coletiva em um jogo consistente e equilibrado, mas bonito. É o que todos gostamos de ver.
O técnico admite que não foi fácil elaborar uma lista equilibrada com 18 nomes, menos do que o normalmente permitido em competições organizadas pela Federação Internacional (Fifa) - e as participações precisaram ser negociadas individualmente, já que os clubes não têm obrigação de ceder jogadores para o torneio Olímpico. Nesta segunda-feira (11), o time recebeu uma má notícia: o atacante Douglas Costa, do Bayern de Munique, sofreu uma contusão e não poderá integrar o grupo. O nome do substituto ainda não foi anunciado. “Adotamos o critério da versatilidade, a capacidade dos jogadores em atuar em mais de uma posição. Vários deles são polivalentes.”
Micale conta com a experiência de Neymar nos momentos decisivos
O técnico espera que os atletas com mais de 23 anos deem sua parcela de contribuição: a experiência de vida de Fernando Prass, aos 37, e a técnica de Neymar, com 24. O jogador do Barcelona, porém, terá um papel que vai muito além de mostrar seu conhecido talento em campo. “É importante que ele tenha vivido os Jogos Olímpicos, que já tenha passado por isso e chegado ao pódio, ainda que com uma medalha de prata”, aponta o treinador.
Neymar ganha uma nova oportunidade de disputar os Jogos e tem muito a falar sobre sua experiência anterior. Ele pode nos ajudar a conduzir o grupo nos momentos de reta final.
Micale, sobre as responsabilidades de Neymar no Rio 2016
Os adversários estão sendo estudados atentamente e observadores da seleção brasileira farão relatórios sobre todos os jogos do Torneio Olímpico. Ainda que Dinamarca, Iraque e África do Sul, rivais da primeira fase, não tenham a mesma tradição do Brasil, Micale mostra cautela. “Hoje, a informação é instantânea. Todo mundo tem acesso a conhecimento e sabe como fazer um bom trabalho”. Esse fenômeno, segundo o treinador, tem resultado em surpresas como, por exemplo, a Islândia, que derrubou alguns favoritos na Euro 2016.
Micale sabe da forte pressão que seu grupo vai sofrer nos Jogos Olímpicos, especialmente depois da decepção com o resultado da Copa do Mundo, também disputada no Brasil. “Temos alertado os jogadores para esse tipo de situação e tentamos passar tranquilidade, pois esse grupo não tem relação com 2014”, explica o técnico. “A expectativa é a da medalha, do título que ainda não conquistamos”.
O técnico privilegia jogadores acostumados à pressão, como Marquinhhos, do PSG
Ele diz ser favorável à presença de psicólogos na comissão técnica, mas acredita na eficácia em trabalhos de longo prazo, o que não será possível no Rio 2016. Micale explica que, por isso, privilegiou jogadores que atuam em equipes de grande porte e já enfrentam o peso da cobrança por desempenho na hora da convocação. “Temos um grupo de pouca idade, mas muito maduro em função do que cada um representa em seus clubes”, diz. E ressalta a importância do apoio da torcida em todos os momentos. “Não será fácil, teremos momentos de dificuldade porque o futebol se expandiu de uma forma muito grande no cenário mundial”, explica. “O Brasil precisa do carinho do torcedor”.
Fotos: Rio 2016/Gabriel Nascimento e Getty Images/Clive Brunskill