Japão trabalha para ser o terceiro país no quadro de medalhas em casa
Jun Mizutani, medalha de bronze do tênis de mesa, com fãs no Riocentro
O Japão pulou de 11º em Londres 2012 para o 6º lugar no quadro de medalhas do Rio 2016. Mas a meta é muito mais ambiciosa para em Tóquio 2020: o 3º lugar. A informação é de Seiko Hashimoto, chefe de delegação e diretora de Alto Rendimento do Comitê Olímpico Japonês (JAC).
Para chegar a esse 3º lugar, disse Seiko, foi importante o desempenho dos atletas no Rio. O esporte já vem recebendo mais apoio nos últimos anos, mas com a grande performance e a divulgação alcançada com a mídia, disse que espera ainda mais investimentos.
Em cálculos aproximados do Comitê Olímpico Japonês, estiveram no Rio 2016 cerca de 300 jornalistas, incluindo fotógrafos, pelo menos 20% mais que em Londres 2012.
Ouro por equipes na ginástica artística masculina
Em Londres 2012, o Japão havia acumulado 38 medalhas (7 ouros, 14 pratas e 17 bronzes); no Rio 2016, o total pulou para 41 (12, 8 e 21), contando com grandes desempenhos como do revezamento 4x100m masculino do atletismo, que ficou com a prata (depois do bronze em Pequim 2008).
Aqui, os japoneses Ryota Yamagata, Shota Iizuka, Yoshihide Kiryu e Aska Cambridge – este, nascido na Jamaica e criado no Japão – só ficaram atrás da Jamaica de Usain Bolt.
“Participamos de 206 provas, em 27 modalidades”, disse Seiko. “E nos saímos extremamente bem, graças a um esforço coletivo.”
A dirigente falou que o país já conta com um Centro Nacional de Treinamento que funciona 24 horas por dia, 365 dias por ano, e um Centro Nacional de Ciência Esportiva. “Para a Vila Olímpica do Rio 2016, ainda trouxemos médicos e alimentos do Japão para os atletas”, disse.
Kaori Icho, única atleta de esportes individuais com quatro ouros seguidos
Metas altas e atletas como modelos
“Nossa meta era conquistar uma medalha por dia. Teve dia em que não conseguimos, mas nossos atletas conseguiram algumas façanhas extraordinárias contra adversários muito fortes no judô, na ginástica, no atletismo, na luta Olímpica (a lutadora Kaori Icho, que baixou da categoria até 63kg para até 58kg, se tornou a única atleta na história a somar quatro ouros Olímpicos seguidos em esporte individual).
Vários atletas, comentou Seiko, haviam se saído bem já nos Jogos Olímpicos da Juventude de Nanquim 2014, como no badminton e no tênis de mesa, e se fortaleceram. “Tiveram grande desempenho e podem ser vistos como modelos.”
Revezamento 4x100m é prata: roupas com recortes aerodinâmicos
Sobre a capacidade mental dos atletas, Seiko Hashimoto falou primeiro do “senso de gratidão” que os atletas têm, “algo que não podemos ver, que é intangível, com muita atenção a detalhes, respeito aos treinadores, o que, com treinamento psicológico cumulativo, leva a algo tangível”. E os atletas japoneses, acrescentou, hoje são mais capazes de digerir a pressão.
Medidas para Tóquio 2020 e além
“Para Tóquio 2020, queremos duplicar as medalhas. Temos de treinar também os técnicos e nos voltarmos mais para os esportes coletivos, para outros como a canoagem, onde não temos tradição. E ainda somos muito centrados no país. Precisamos sair mais do Japão, treinar e competir na Europa, nos Estados Unidos. “
O salto nas medalhas, de Londres 2012 para o Rio 2016, “foi excelente para nós”, e com Tóquio 2020 “temos a oportunidade de pedirmos orçamento maior, de mostrarmos que o custo-benefício é excelente, porque o esporte reflete o que é uma nação e gera impacto fora do esporte, fora das arenas, com ídolos para inspirar jovens, promovendo valores”.
Seiko também falou sobre as mulheres atletas: “Melhoramos muito. Estamos em um nível mais alto. E o Japão, como nação, agora considera montar uma política em relação a mulheres. Não havia medidas para problemas específicos e falo além da vida só de atleta – da vida diária e do pós-carreira, do apoio que é necessário.”
Para além das medalhas, o Japão também se preocupa com a formação do ser humano completo, além do atleta, explicou a dirigente. “É aplicar uma filosofia diária, a cada treino. Ele tem de responder perguntas filosóficas, porque antes de tudo é um ser humano e depois da carreira segue como ser humano.”
Fotos: Getty Images/Lars Baron, Getty Images/Quinn Rooney, Getty Images/Lars Baron e Rio 2016/Denise Mirás