Relembre a trajetória de Mário Sérgio, um dos maiores craques do futebol, que está entre as vítimas do voo trágico da Chapecoense
O ex-jogador Mario Sergio Pontes de Paiva, que atuava como comentarista da Fox Sports, foi uma das vítimas da queda do avião que levava o time da Chapecoense para Medellín, onde seria disputada nesta quarta-feira a primeira partida da final da Copa Sul-Americana, contra o Atletico Nacional. Além dele, outros 21 jornalistas brasileiros também estavam no voo. Alguns deles, conhecidos nacionalmente, como os comentaristas Mário Sérgio, ex-jogador de clubes como Grêmio, Internacional, Flamengo, Fluminense, São Paulo e Botafogo e da seleção brasileira, e Paulo Julio Clement, o narrador Deva Pascovicci (ex-CBN) e o repórter Vitorino Chermont, todos da Fox Sports. No voo também estavam o repórter Guilherme Marques, da Globo, e outros profissionais da RBS e de rádios catarinenses (veja a lista dos passageiros abaixo). O único jornalista resgatado com vida até o momento foi Rafael Henzel, da rádio Oeste Capital, de Chapecó.
O conduzir leve com a perna esquerda, um drible no vento e o toque sutil na bola. Mário Sérgio foi um dos maiores meias da história do futebol brasileiro. Sua principal característica, o trato com a bola, marcou sua carreira. A habilidade da perna esquerda fez do "Vesgo" um dos meias mais admirados do país. O apelido foi dado pela mania de dar passes para um lado e olhar para o outro, como um ilusionista, com truques encantadores que mal se podem explicar.
- Como jogador
De personalidade forte e futebol singular, Mário Sérgio foi revelado pelo Flamengo. Foi no Vitória, porém, que começou a se destacar com a mágica perna esquerda. Voltou ao Rio de Janeiro para fazer parte da histórica Máquina Tricolor, no Fluminense, e ainda passou por Botafogo e Rosário Central, da Argentina, antes de encontrar um lar como jogador de futebol: Porto Alegre.
- Flamengo
Em 1969, após ser levado por amigos, fez um teste no Flamengo e foi contratado. Sua grande habilidade, proveniente de sua formação no futsal, foi motivo de preocupação para os treinadores das categorias de base do time da Gávea, que tiveram muito trabalho para lhe tirar o vício de “fominha”. Nesta época, recebeu apoio dos treinadores Modesto Bria e Jouber. Foi campeão dos aspirantes, e no ano seguinte, mais por imposição da diretoria do que pela vontade do técnico do time principal, Yustrich, foi profissionalizado.
Yustrich, que era um forte adepto do futebol força, não gostava dos cabelos longos e das roupas coloridas que Mário Sérgio usava. Era o auge da curtição hippy, coisa que Yustrich, obviamente, não entendia. Costumava provocar Mário Sérgio chamando-o de boneca.
Um dia, o técnico expulsou-o de um treino e ordenou que não fizesse declaração a imprensa: “Tem um clube de Salvador te querendo, não vai estragar o negócio”. Mário respondeu: “Não vou. Gosto do Rio e minha família mora aqui”. E Yustrich: “Então, azar o seu, porque você nunca mais vai ter chance comigo”.
Depois de uma atuação abaixo de sua média em uma partida, Mário Sérgio foi colocado no banco de reservas. Quando entrava em campo, continuava com seu individualismo, o que desagravada o técnico.
Até que um dia, durante um coletivo, cansado das broncas do técnico, Mário fez embaixadinhas e depois encheu o pé na bola. Em seguida, largou o treino e disse que no Flamengo não jogava mais!
- Vitória
Começou a jogar pelo clube em 1971, mas o destaque veio no ano seguinte com a conquista do Campeonato Baiano.
No clube baiano, segundo a revista Placar, Mário Sérgio formou, ao lado de André Catimba, a melhor dupla de ataque da história do clube.
Em 1972, no primeiro jogo da final do Baianao, contra o Bahia, Mario Sérgio fez o único gol da partida. Antes do segundo jogo da final, que o Vitória venceria por 3x1, deu a seguinte delcaração: “Se o Vitória vencer o jogo, vou dar todo meu material. Vou sair de campo de sunga. Só não saio nu porque complica”.
Em 1973, faturou a Bola de Prata da revista Placar jogando como ponta-esquerda.
Em 1974, mudou de posição, e passou a jogar como armador. Mesmo com a mudança, fez novamente um excelente Brasileirão. Tamanha foi a importância do Vesgo para o clube naquela competição, que o mesmo foi premiado com a Bola de Prata da Revista Placar.[14]
Brilhante no Vitória BA, onde passou quatro temporadas, Mário Sérgio se tornou rei na Bahia e caiu nas graças do torcedor baiano. Foi nos seus tempos de Vitória, também, que fez grande amizade com Valdir Espinosa.
- Fluminense-RJ
Mario Sergio foi contratado pelo Fluminense em 1975 para fazer parte da 1a. versão da "Máquina Tricolor", com Rivelino, Paulo César, Gil, Manfrini e Edinho. Já no seu primeiro ano conquistou um Campeonato Carioca sobre o Botafogo.
Mesmo com o título carioca de 1975, uma indisposição entre o presidente do Fluminense, Francisco Horta e o jogador, acabou com sua passagem pelas Laranjeiras. No início de 1976, o craque foi contratado pelo Botafogo.
- Rosário Central
Mario foi para a Argentina, e sua esposa, que cursava engenharia, não o acompanhou nessa breve permanência em território argentino.
"Minha mulher havia acabado de ingressar no curso de engenharia, e tinha de cursar elo menos um semestre para não perder a matricula."
Este fato, aliado a seu temperamento forte, abreviaram sua passagem pelo clube.
Na equipe, Mario jogou ao lado de Edgardo Bauza.
- Internacional
Com Falcão no Inter
No Internacional, foi peça-chave na conquista do Brasileiro de 1979, de forma invicta. Formou um trio de meio-campo com os grandes Falcão e Batista.
Mário foi contratado pelo Inter a pedido de Falcão.
Eu lembro que eu disse que o Mário só faz confusão com as pessoas que não o tratam bem, o desrespeitam e não cumprem o que está combinado com ele. Ele veio e foi de um comportamento exemplar. Puxava fila nos treinos físicos. - Falcão, sobre Mario Sergio.
No Internacional, Mário fez parte do time que conquistou o Brasileirão de 1979 de forma invicta. No Beira-Rio, ainda foi à final da Libertadores de 1980 e, após a saída de Falcão para a Roma, tornou-se o principal jogador do time. Naquele ano, e no ano seguinte, voltou a vencer a Bola de Prata. Permaneceu no Internacional até 1981, levantando a taça do Gauchão daquele ano.
- São Paulo
Muito antes de se tornar comentarista do canal FOX Sports, Mário Sérgio Pontes de Paiva chegou ao São Paulo como contratação de peso, já consagrado pela história escrita no Internacional e em outros clubes. Craque que o São Paulo foi buscar para substituir Zé Sérgio, que havia se machucado, para garantir o bicampeonato estadual de 81.
Mario Sergio chegou ao São Paulo agosto de 1981 e estreou em 16 de agosto e ficou até o fim de 1982. Neste clube, ele ganhou o apelido de "rei do gatilho" após esvaziar o pente de seu 38, dando tiros para o alto para assustar torcedores do São José, no Vale do Paraíba, que se manifestavam na saída da delegação são-paulina do Estádio Martins Pereira. Na partida de volta, o placar do Morumbi anunciava "nº 11 Mário Sérgio, o Rei do Gatilho"!
Mais tarde, Mário afirmaria que as balas eram de festim e se disse arrependido.
No dia 4 de outubro de 1981, mais de 30 mil pessoas viram o show do “Vesgo”, na goleada do São Paulo de 6x2 sobre o Palmeiras, com dois gols de Mário.
Mesmo com boas atuações, Mário não se adaptava ao esquema tático do técnico José Poy. Além disso, na época surgiram boatos sobre seu envolvimento com drogas, o suficiente para que ele fosse parar na Ponte Preta por um breve período
Obteve merecido reconhecimento após 62 atuações pelo clube e oito gols marcados. A magia da perna esquerda que fazia o mais difícil parecer fácil se eternizou entre a torcida são-paulina também pela marca registrada: olhava para um lado, passava para o outro. Voltou ao São Paulo em 1998, dessa vez como técnico, quando comandou o time em dez partidas.
- Ponte Preta
Em 1983, foi contratado pela Ponte Preta, e participou de um time de medalhões montado pelo então presidente pontepretano Lauro de Moraes. Na ocasião, os técnicos Dudu, Nicanor de Carvalho, Tim e Cilinho não conseguiram extrair grande coisa com os talentosos Mário Sérgio, Dicá e Jorge Mendonça juntos
- Grêmio
Campeão Mundial de 1983 pelo Grêmio
Ainda em 1983, no final do ano, foi contratado pelo Grêmio, a pedido do técnico Valdir Espinosa, apenas para a disputa do Mundial Interclubes. A técnica e habilidade de Mário seriam, na visão de Espinosa, um contraponto importante à força física dos europeus.
"Ninguém queria o Mário Sérgio no Grêmio. Eu que insisti. Na primeira vez que falei, todo mundo pipocou: 'Ah, ele é isso, aquilo, é bagunceiro...'. Mas eu conhecia ele. Joguei com ele, morei com ele. Eu reconhecia nele a sua qualidade extraordinária. Jogar contra alemão só com força não adianta. Tem que ter técnica para contrapor. Precisávamos do Mário Sérgio."
Valdir Espinosa, contando o porque da sugestão na contratação de Mario Sergio para a disputa do Mundial, em 1983.
Mário Sérgio teve um papel fundamental para a conquista. Ele ditou o ritmo da equipe durante os 120 minutos, fez lançamentos precisos e usou sua habilidade para deixar os marcadores desorientados.
Mesmo fazendo boa partida contra o Hamburgo, não teve seu contrato prolongado.
- Segunda Passagem pelo Internacional
Após o Grêmio, voltou para o Internacional. Dessa passagem, Mario se lembra do o Gre-Nal das faixas, na abertura de 1984. Segundo ele, "na hora de trocarmos as faixas, pensei: ‘Poxa, alguém aí vai me vaiar, gremista ou colorado, não vai ter jeito’. No fim, eu, com a camisa do Inter e a faixa de campeão do mundo pelo Grêmio, acabei aplaudido pelas duas torcidas. Me emocionei barbaridade."
- Palmeiras
No Palmeiras, Mario jogou em 1984. Quando da efetivação de sua contratação, a manchete da edição nº 737 da Revista Placar (julho de 1984) dizia: "Mário Sérgio voltou. O futebol também".
Mário conduzia o time ao tão sonhado título do Campeonato Paulista de 1984 até ter sido flagrado em um exame antidoping, realizado num clássico contra o São Paulo, que o deixou suspenso durante seis meses.
Sobre o doping, uma polêmica: o exame aconteceu após um jogo contra o São Paulo. O Palmeiras vinha muito bem no campeonato sendo dirigido pelo técnico Mario Travaglini. Na partida, houve uma briga entre os jogadores, e depois da briga, ainda dentro do campo, vários jornalistas presenciaram o Dr. Marco Aurélio Cunha, do São Paulo, oferecendo uma Soda limonada ao Mario Sergio. Depois, no exame antidoping, foi constatado cocaína na urina do jogador, e o Palmeiras perdeu os pontos no Campeonato Paulista. Mesmo com toda a imprensa falou da Soda limonada oferecida pelo médico do São Paulo, a diretoria do Palmeiras não tomou nenhuma providência a respeito do fato e o caso foi encerrado sem punição ao Dr. Marco Aurélio Cunha.
Mário ainda voltaria a jogar pelo clube após a suspensão, com o mesmo brilho e o mesmo terrível temperamento de sempre, até deixar o clube em 1985.
- Botafogo-SP e Bellinzona-SUI
Após o Palmeiras, Mario ainda teve passagens pelo Botafogo de Ribeirão Preto e pelo Bellinzona da Suíça, ambas em 1986.
- Bahia e o anuncio da aposentadoria
Em 1987, Mario Sergio já não jogava no ritmo dos companheiros. Na quinta rodada do Brasileirão daquele ano, porém, Mário Sérgio recebeu a camisa 10 do técnico Orlando Fantoni de presente e foi a campo. Jogou os primeiros 45 minutos com atuação extraordinária e desceu para o intervalo, antes de todo mundo, como protagonista da vitória parcial por 1 a 0 sobre o Goiás. Conforme relatos do meia Bobo, "quando chegamos ao vestiário, Mário Sérgio já estava trocado, perfumado. Fez um pronunciamento muito educado, agradeceu a todos nós e disse que não voltaria para o segundo tempo. No vestiário, ele anunciou o fim de sua carreira", lembra Bobô.
Na Seleção Brasileira
Pela Seleção Brasileira, foram oito partidas, com cinco vitórias, um empate e duas derrotas. Mas os números não dão a noção exata da categoria de Mário Sérgio, que esteve entre os jogadores observados por Telê Santana para disputar a Copa do Mundo de 1982, na Espanha.
- Como treinador e diretor técnico
Além de estudioso, a bagagem assimilada no trabalho com bons treinadores recomendavam nova carreira brilhante. Entretanto, o perfil de comandante enérgico não permitiu que prosperasse na carreira, alongada alternadamente até 2010 no Ceará.
Como treinador, ele não mandava recado. Dizia abertamente aquilo que pensava ao jogador e vários discordam dessa postura, resultando em rota de colisão.
No período como técnico, comandou 11 times. Ocupou também cargo como dirigente esportivo em alguns clubes, como no Grêmio, em 2005.
- Vitória-BA
"Praticamente iniciei minha carreira de atleta aqui no Vitória. Decidi começar a de técnico no mesmo lugar."
Mario Sergio
Começou sua carreira no Vitória, clube em que tinha se tornado ídolo na sua passagem como jogador, tendo um aproveitamento razoável. Comandou o clube baiano novamente em 2001, outra vez sem sucesso.
- Corinthians
Em 1993, trabalhou no Corinthians-SP. iniciou sua carreira de treinador no Corinthians no dia 13 de agosto do referido ano. Após a perda dos títulos Paulista e do torneio Rio-São Paulo, ambos para o Palmeiras, o clube procurava um nome para substituir o técnico Nelsinho, que deixava o clube para treinar uma equipe da Arábia Saudita. Como treinador corintiano, quase levou o Timão para a final do Brasileiro, após fazer uma incrível campanha de 15 partidas sem derrotas. Naquele mesmo ano, ele revelou o volante Zé Elias, que tinha apenas 16 anos. No comando do Corinthians, em duas passagens (outra foi em 1995), Mário Sérgio dirigiu a equipe em 31 partidas (16 vitórias, 13 empates e duas derrotas). Apesar de gozar prestigio com os atletas e com a diretoria, Mário Sérgio pediu demissão. Conforme o jornal Folha de S.Paulo, a repentina saída de Mário Sérgio do comando técnico do Corinthians é explicada por dois fatores. Foram os atritos com os dirigentes corintianos e os convites das emissoras de televisão que fizeram o treinador/comentarista abandonar o time às vésperas do começo do Campeonato Paulista. O treinador teve receio de que o desgaste com a diretoria do clube e os jogadores pudesse prejudicar a sua carreira de comentarista. Após a saída do Corinthians, voltou a trabalhar como comentarista na Tv Bandeirantes.
Em 2015, afirmou que o clássico Corinthians, x São Paulo, disputado em 1993, o Corinthians topou pagar o juiz da partida para ser ajudado, mas que desistiu na última hora. Coincidência ou não, apesar de ter vencido a partida por 2x0, o Corinthians reclamou um pênalti não marcado pelo juiz.
- São Paulo FC
Voltaria a trabalhar como técnico novamente em 1998. No comando do São Paulo, dirigiu a equipe somente em 10 jogos (três vitórias, um empate e seis derrotas).
Sua passagem pelo clube ficou marcada por ter sido o único treinador a vetar Rogério Ceni de cobrar faltas.
"Cheguei no São Paulo em 1998 e o Rogério tinha feito só quatro gols na carreira. E aí eu tinha o Dodô, o França, e outros jogadores habilidosos. Eu cheguei pro Rogério, conversei com ele e falei: Rogério, eu não preciso de um goleiro que bata falta, eu quero um jogador nessa posição que não deixe a bola entrar".
- Atlético Paranaense
Mário Sérgio foi treinador do Atlético no início da campanha que resultaria no título do Brasileirão de 2001.
Um dos episódios marcantes de sua passagem pelo clube foi um desabafo que deu publicamente: "Ou o Atlético acaba com a noite ou a noite acaba com o Atlético."
Diretor de Futebol do Grêmio FBPA
Em 2005, assumiu o cargo de diretor de futebol do Grêmio, quando o clube disputou a Série B.
- Figueirense Futebol Clube
Em 2007, levou o Figueirense ao vice-campeonato da Copa do Brasil. Contudo, meses depois, não conseguiu manter a consistência do time e deixou o cargo.
Mario Sergio comandou o Figueirense em 44 jogos e conquistou 19 vitórias, 13 empates sofrendo 12 derrotas.
- Botafogo de Futebol e Regatas
Passou a comandar o Botafogo no fim de setembro daquele ano. Porém, no dia 7 de outubro, não resistiu à sequência de derrotas à frente do clube. Em três jogos foram três derrotas - para Goiás, Atlético Paranaense e Santos. O treinador alegou problemas particulares para deixar o clube, mas a diretoria já estava insatisfeita com o trabalho do técnico.
- Segunda passagem pelo Atlético Paranaense
No dia 11 de agosto de 2008, foi anunciado o seu retorno ao comando do Atlético Paranaense. Mas pouco mais de um mês depois, no dia 4 de setembro, foi demitido do clube.
- Segunda passagem pelo Figueirense Futebol Clube
Em 16 de setembro, foi anunciado novamente como treinador do Figueirense, não tendo o mesmo sucesso da sua primeira passagem e sendo demitido meses depois.
- Associação Portuguesa de Desportos
Em 2009, foi treinador da Portuguesa, mas foi demitido após perder para o Icasa, no Canindé, na primeira rodada da Copa do Brasil de 2009.
- Internacional e o Vice-Campeonato do Brasileirão
No dia 5 de outubro de 2009, foi anunciado como treinador do Internacional até o término do Campeonato Brasileiro, substituindo Tite. Fez sua estreia como técnico do Inter no dia 7 de outubro, com vitória de 3 a 1 sobre o Náutico, no Estádio Beira-Rio. Após 11 partidas dirigindo o clube, com 6 vitórias, 3 empates e 2 derrotas, Mário Sérgio deixou o comando do Colorado, conseguindo o vice-campeonato do Brasileirão, e, consequentemente, vaga para a Copa Libertadores da América de 2010.
- Ceará
No dia 9 de agosto de 2010, foi anunciado como treinador do Ceará, logo após a demissão do técnico Estevam Soares. Porém, apenas um mês depois, foi demitido.
Assim como em outros clubes, onde colecionou passagens conturbadas, no Ceará não foi diferente. Sua curta passagem pelo clube ficou marcada por uma frase em uma de suas entrevistas coletivas em Porangabuçu. O treinador afirmou que o time iria perder a maioria de seus jogos pois o elenco era limitado e fraco, o que causou grande descontentamento por parte de jogadores, diretores e torcedores.
- Como Comentarista Esportivo
“ “Eles não entendem o que eu falo nos treinos, vou virar comentarista”. ”
Mario Sergio começou sua carreira como comentarista esportivo no início da década de 90, na TV Bandeirantes. Em seus tempos de Band, Mário chamava atenção pela facilidade de se comunicar e analisar futebol. Pela emissora, trabalhou nas Copas de 90 e 94. Na época, o folclórico narrador Silvio Luiz anunciava Mario Sergio, que era seu principal parceiro nas transmissões, como "o comentarista Calibre 44!", fazendo referências ao episódio ocorrido à época de jogador do São Paulo, e “aquele que sabe porque esteve lá!”
Nesta época, Mário Sérgio inventou uma expressão muito usada atualmente por comentaristas, técnicos e torcedores: "O time X está começando a gostar do jogo".
Na Copa de 90, aproveitou a oportunidade para "provocar" seu desafeto Dunga, dizendo que futebol não era para ser jogado "com a bunda no chão.", em referência à quantidade de "carrinhos" dada pelo volante. Em 94, nova crítica. Ele afirmava que, com Dunga escalado como volante, a Seleção Brasileira entrava em campo com dez jogadores. “O Dunga perdeu a força para tomar a bola dos outros, e essa era a única coisa que sabia fazer”.
Após deixar o comando do São Caetano, em 2003, Mário Sérgio deu um tempo na carreira. Nesse período, ele apenas dava palestras, comentava alguns jogos e participava de programas esportivos como convidado.
Após a curta passagem pelo Ceará (em 2010), em 31 de julho de 2012 foi anunciado que ele era o mais novo contratado dos canais FoxSports, para trabalhar como comentarista esportivo. Mario Sérgio assinou um contrato com a emissora até a Copa do Mundo de 2018, mas exigiu que houvesse uma cláusula que permitisse ser técnico sem pagar multa rescisória.
Estreou no FoxSports no dia 1 de agosto de 2012, comentando o jogo Palmeiras x Botafogo, pela Copa Sul-Americana daquele ano.
Em setembro 2013, Mário sofreu uma queda quando andava de bicicleta na região da Lagoa da Barra, na cidade do Rio de Janeiro, depois que dois assaltantes, em uma moto, o derrubaram e roubaram sua bicicleta. Ao cair, ele quebrou as costelas e ficou desacordado enquanto os bandidos fugiram. Ele teve que fazer uma cirurgia de reconstrução de duas costelas e uma de reparo no pulmão, que sofreu uma leve perfuração. Por conta disso, Mario ficou afastado do canal até se recuperar.
Em 7 de julho de 2014, durante a cobertura da Copa do Mundo do Brasil, passou mal e foi internado em um hospital de Belo Horizonte com problemas cardíacos (crise de angina).
- Morte
O futebol mundial amanheceu em luto na última terça-feira. Entre as 71 vítimas do acidente aéreo com o avião da Chapecoense, em Medellin, estava Mário Sérgio, que tinha 66 anos. Ele viajava a trabalho, como comentarista do jogo entre a equipe catarinense e Atlético Nacional.
História vencedora que edificou um homem sábio, que ensinou futebol nos campos e na mídia, com competência e franqueza que lhe permitiram - sem qualquer ressalva - a polêmica de alguns momentos. História que se encerra aos 66 anos, mas que jamais será esquecida.