Karatê do Brasil inicia caminhada no Pan com bronzes de Douglas Brose e Brenda Padilha
A seleção brasileira de karatê começou sua caminhada nos Jogos Pan-americanos Santiago 2023 nesta sexta-feira, 3. Os quatro atletas que competiram na estreia da modalidade chegaram à disputa por medalhas. Vieram dois bronzes no kumitê, com Douglas Brose (60kg) e Brenda Padilha (+68kg), e dois quinto lugares, com Nicole Mota e Bruno Conde, no kata individual. E as medalhas tiveram um contraste na equipe como marca. Enquanto Douglas, de 37 anos, anunciou que essa seria a última competição de uma vitoriosa carreira, com direito a três títulos mundiais, Brenda, de 24 anos, disputou sua primeira edição Pan.
"Eu estou feliz com o meu desempenho. Infelizmente, na semifinal acabei sofrendo uma virada que eu não esperava, por erros que não poderiam ser cometidos. Nos demais combates, lutei bem, fui buscar. Meu primeiros Jogos Pan-americanos, vou levar essa medalha de bronze para o Brasil. Então, sinto muito orgulho do meu trabalho e acredito que no próximo vou voltar com o ouro”, analisou Brenda.
Douglas Brose (60kg) enfrentou Frank Ruiz, dos Estados Unidos, na sua primeira luta da fase de grupos e venceu por 3 a 0. Na segunda rodada, um combate muito equilibrado contra Juan Fernandez, da Colômbia, em que o brasileiro conseguiu um ponto no último segundo depois de pedir a revisão do lance. Com o empate em 3 a 3, a vitória foi dada a Brose por ele ter marcado o primeiro ponto. Na última rodada, venceu Pedro de La Roca, do Time de Atletas Independentes, por 1 a 0, depois que o atleta não pôde seguir na luta por um sangramento no rosto. Na semifinal, Douglas sofreu uma lesão contra o cubano Brayan Díaz e não conseguiu buscar o resultado. O placar apontou 5 a 2 para o adversário.
Brenda teve uma jornada ainda maior até o pódio, com direito a protesto e luta voltando. Na primeira luta do dia, acabou derrotada por Pamela Rodriguez, da República Dominicana, por 6 a 5. Mas o Brasil entrou com o recurso e a luta voltou, recomeçando a 12s do final com o placar em 5 a 3 para a Brenda, que permaneceu inalterado até o fim do combate.
“A Brenda havia dado o primeiro golpe e, por isso, o chute da dominicana não deveria ter sido validado. Nós entramos com o recurso para a revisão desse lance e acataram o pedido do Brasil, revendo a decisão do vídeoreplay. Com isso, a luta voltou exatamente no momento em que o erro havia sido cometido, sem a pontuação errada”, explicou William Cardoso, chefe de equipe do karatê.
Assim, Brenda saiu de uma área de combate e entrou na outra para vencer a peruana Gianella Lozano por 2 a 0. E ainda tinha mais, ainda pela fase de grupos. Contra Shanne Torres Doncell, da Colômbia, vitória por 4 a 3. E, finalmente, para encerrar a fase de grupos, o combate contra Javiera González, do Chile, e toda a torcida no ginásio. A brasileiro não se intimidou e venceu por 5 a 1. Na semifinal, abriu 2 a 0, mas acabou sofrendo 3 pontos e ficou com a medalha de bronze.
“Esses são os nossos Jogos Olímpicos. Estar entre as melhores das Américas é muito importante para mim. Tudo que tenho feito, com meus professores, com minha família, com todos que me apoiam no dia a dia está funcionando e vou em busca de mais, com certeza”, completou Brenda, natural de Maringá (PR).
Disputas por medalhas também no kata
No kata, os competidores realizam uma série de movimentos definidos previamente que simulam técnicas de ataque e defesa. O objetivo é proporcionar ao karateca um conhecimento mais aprofundado da arte. Os katas, não só no karatê como em outras artes marciais, são considerados a essência da modalidade e, antigamente, era a forma usada para repassar as técnicas aos novatos.
Em competição, o vencedor das disputas do kata é decidido por um grupo de jurados por meio de sistema de votação eletrônica. O karateca é avaliado de acordo com seu desempenho técnico e atlético.
Pela manhã, ocorreram as disputas individuais do kata. Nicole Yonamine Mota venceu a dominicana Maria Dimitrova (não se apresentou para o combate) e a chilena Isadora Gallo (39.30 a 38.10) na fase de grupos. Contra a estado-unidense Sakura Kokumai, derrota por 41.30 a 39.70 e a classificação para disputa do bronze contra Andrea Armada, da Venezuela. No confronto pela medalha, acabou derrotado por uma diferença mínima: 40.30 a 40.20.
No masculino, Bruno Conde foi superado por Cleiver Leocadio, da Venezuela (39.80 a 38.60), se recuperou contra Simon Luengo, do Chile (39.50 a 36.90). No último confronto da fase de grupos, Mariano Wong, do Peru, acabou levando a melhor (39.70 a 38.30). Com isso, se classificou para a disputa do bronze contra Larry Aracena, da República Dominicana. Novamente, uma boa exibição dos brasileiros e a vitória adversária por 39.70 a 39.20.
Mais karatê em Santiago 2023
Neste sábado, 04, será a vez dos karatecas Kelly Fernandes (55kg), Lucas Hardy (+84kg) e Giovani Felipin (+84kg) disputarem as medalhas no Centro de Esportes de Contato no Parque Estádio Nacional.
Fotos: Alexandre Loureiro/COB