sexta-feira, abril 18, 2025

Por que beijamos a Cruz na Sexta-feira Santa?

Por que beijamos a Cruz na Sexta-feira Santa?

Durante a Sexta-feira Santa, é comum ver fiéis se aproximando da cruz com respeito e emoção.

Esse gesto, conhecido popularmente como “beijamento da cruz”, carrega um significado profundo que passa vai muito além de uma tradição dentro do Tríduo Pascal.

- O que é o beijamento da cruz?

O termo não é oficial da Igreja, mas ganhou espaço na linguagem popular para designar um momento específico da liturgia da Sexta-feira Santa: a adoração da Santa Cruz.

Essa parte da celebração da Paixão do Senhor, chamada Apresentação da Cruz, acontece após a Liturgia da Palavra. Um sacerdote ou diácono carrega consigo uma cruz à assembleia, no qual entoa a frase três vezes, despindo a cruz coberta por um pano roxo:

- Eis o lenho da Cruz, do qual pendeu a salvação do mundo!

E os fiéis respondem:

- Vinde, adoremos!

Em silêncio ou com cânticos, os fiéis se aproximam. Alguns tocam a Cruz. Outros ajoelham. Muitos a beijam.

- Qual o sentido desse gesto?

Segundo o Missal Romano, a adoração da cruz é um ato de veneração, não de idolatria. Os católicos não adoram o objeto em si, mas Aquele que foi crucificado nele: Jesus Cristo.

O documento orienta:

“A Cruz é apresentada para a adoração dos fiéis. Só se venera uma única Cruz, pois ela representa o madeiro da salvação.” (Missal Romano, Sexta-feira da Paixão do Senhor)

O missionário Redentorista, Pe. Rubens Gomes de Carvalho, afirma ser esse um momento de contemplação, de adoração, de beijamento, de toque no crucificado, para rezarmos e refletirmos até que ponto está o nosso amor a Jesus.

“Em Jesus está o nosso amor pela humanidade, sobretudo pela nossa entrega na missão cristã. Nos comprometemos em ter uma contemplação ativa, uma contemplação de alteridade, uma contemplação, veneração e adoração que nos fazem despertar para um comprometimento com o amor de Jesus, amando como Ele mesmo amou até o fim”.

Beijar a cruz é um sinal de gratidão. O gesto mostra reconhecimento pelo amor de Jesus, que entregou sua vida para a salvação da humanidade. É um ato pessoal, íntimo, mas também eclesial — vivido em comunidade.

- De onde vem essa tradição?

A origem remonta ao século IV. Segundo relatos, Santa Helena, mãe do imperador Constantino, encontrou a verdadeira cruz de Cristo em Jerusalém. A partir daí, a veneração do madeiro sagrado se espalhou entre os cristãos.

Com o tempo, a prática se consolidou na liturgia da Semana Santa, sendo mencionada inclusive nos escritos de São Cirilo de Jerusalém, no ano 350. O costume atravessou séculos e permanece vivo até hoje.

- Por que isso importa?

Em tempos de pressa e distração, o gesto de beijar a cruz convida ao silêncio. Faz lembrar que, na dor de Cristo, há sentido para nossas próprias dores. É uma forma concreta de rezar com o corpo e a alma.

Neste momento, refletindo Jesus Morto, há uma chance de renovar a fé e buscar conversão com o mistério da Páscoa. Afinal, a cruz não é fim — é passagem. É nela que a vida vence!

Fonte: ACI Digital/ Vatican News - Fonte: Thiago Leon